Da cobra

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Muitas vezes procuramos conscientemente algo que ire nos causar serios problemas. Eduardo Vieira conta uma interessante fabula a respeito.

Um homem cruza uma tempestade de neve, quando escuta um ru�do. V� uma cobra, ferida e quase morta de frio. ?Me ajuda!?, diz ela.

?Voc� � perigosa?, responde o homem.

?N�o v� que estou quase morrendo, e n�o posso lhe fazer mal nenhum??, implora a serpente.

Compadecido, o homem a recolhe, e leva para a sua casa.

Durante algum tempo convivem em harmonia. Mas um dia, enquanto acariciava a cabe�a da cobra, ele recebe uma mordida fatal.

?O que � isso??, diz o homem, a beira da morte. ?Salvei sua vida, lhe dei comida, carinho - e agora voc� me envenena??

E a serpente responde: ?mas voc� sabia que eu era uma cobra, n�o sabia??

Paulo Coelho

A Revolta dos D�ndis I

Entre um rosto e o retrato
No real e o abstrato
Entre a loucura
E a lucidez
Entre o uniforme
E a nudez...

Entre o fim do mundo
E o fim do m�s
Entre a verdade
E o rock ingl�s
Entre os outros e voc�s...

Eu me sinto um estrangeiro

Passageiro de algum trem

Que n�o passa por aqui

Que n�o passa de ilus�o...

Entre mortos e feridos
Entre gritos e gemidos
A mentira e a verdade
A solid�o e a cidade...

Entre um copo e outro
Da mesma bebida
Entre tantos corpos
Com a mesma ferida...

Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que n�o passa por aqui
Que n�o passa de ilus�o...

Entre americanos e sovi�ticos
Gregos e troianos
Entra ano e sai ano
Sempre os mesmos planos!...

Entre a minha boca e a tua
Tanto tempo
H� tantos planos
Mas eu nunca sei!
Pra onde vamos!...

Humberto Gessinger